Mário Osório Marques, no livro Escrever é preciso: o princípio da pesquisa, traz a importância da presença dos leitores na ação de escrever. Quando li isso, fiquei bastante incomodada, de forma que desde então, passei a pensar nestes supostos leitores, amigos ou inimigos, que me olham escrevendo e que dialogam todo o tempo comigo.
Passei dias pensando em possíveis rostos, pois não me agradava a ideia de pessoas participando deste processo, sem que em algum momento não estivessem tido algum envolvimento comigo.
De tanto procurar, acabei por encontrar! E agora me pergunto, como não os enxerguei antes.
Querendo conversar sobre a formação de professores no contexto das tecnologias digitais, nada melhor do que me sentir nas reuniões de quarta-feira, com as minhas amigas professoras da Escola São João Batista. Me faz bem conversar com elas. Me sinto em casa, certa da existência de pessoas que irão dialogar comigo de forma carinhosa, com uma fala enternecida pelo sentimento de amizade. Para estas reuniões me senti bem à vontade para convidar os meus amigos do Grupo de Estudos Inclusão Tecnológica – GEITEC, pois eles também tem muito para contribuir e eu estou muito envolvida com eles.
Antes que eu me esqueça, estou na escrita de uma dissertação e não é só de uma fala doce que esta se constitui. Aparecem então os meus inimigos, os arguidores, aqueles que não me farão esquecer, em momento algum, que este é um trabalho cientifico. Encontrei na banca da primeira seleção do mestrado no Programa Educação em Ciências, bons rostos para estes sujeitos e acrescentei, ainda, um quarto rosto, o da minha orientadora profa. Dra. Sheyla Costa Rodrigues. Quando eu estiver nesta roda de conversa, bem a vontade, estas serão as pessoas que irão questionar, conceitualmente, minha fala.
Sabendo que os questionamentos deste quarteto, por muitas vezes me desconcertarão, assim como os questionamentos de meus amigos também, tomei a liberdade de trazer para a roda, meus amigos autores que sempre depois que eu dizer algo, sustentarão teoricamente as minhas palavras.
Estes são os meus leitores e agora podemos conversar em vários lugares, podendo ser sentados em uma calçada de uma Rua de Rio Grande ou dentro de um carro, a beira da praia ao som do mar ou do cais do porto sob a luz da lua, em salas de aula da universidade ou da escola São João, na minha casa, no croassonho ou em qualquer outro lugar que eu me permitir estar.
Beijão
Mestranda do Programa de Pós-Graduação Educação em Ciências da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, me deparo com a escrita de uma dissertação. Neste blog buscarei compartilhar minhas inquietações diante do processo de constituição de uma pesquisadora.
terça-feira, 26 de abril de 2011
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Enquanto isso, na Argo...
“Em sua primeira escala, aportaram na ilha de Lemnos, habitada somente por mulheres. É que Afrodite, insultada por estas que lhe negavam culto, castigou-as com um cheiro insuportável de forma que seus maridos partiam em busca das escravas da Trácia. Movidas pelo ódio e pelo despeito, assassinaram seus esposos instalando na ilha uma espécie de república feminina, situação que perdurou até a chegada dos argonautas, que então lhes deram filhos. Na ilha de Samotrácia, segunda escala do grupo se iniciaram nos Mistérios dos Cabiros com o intuito de obter proteção contra naufrágios.”[1]
Em Lemnos, primeira escala dos argonautas, estes encontraram mulheres cheias de ódio e de despeito. Acredito que para os viajantes não deve ter sido fácil o enfrentamento com estas castigadas senhoras e se me permito ser carregada por minha imaginação, posso ver os tripulantes da nau dando um passo para trás e repensando se a viagem valeria à pena, até que finalmente ficam e dando filhos a elas, mudam as suas histórias e ao partir descobrem que, também, tiveram modificadas as suas.
Na segunda quinzena, como tripulante da nau Argo, senti a sensação de estar navegando por águas desconhecidas e me parecia que ia ser assim por toda a viagem, até encontrar o velo de ouro. A busca continua, e agora já estamos na terceira quinzena. A viagem esta sendo uma grande aventura e navegar por águas desconhecidas nem sempre é tão fácil.
Os questionamentos feitos por minha orientadora, professores e colegas que estão envolvidos na escrita de suas dissertações ou teses, sempre gera transformações. Não tenho saído de salas de aula ou reuniões da mesma forma que entrei. Há sempre muitos pontos de interrogação que me acompanham e muitas certezas que me abandonam.
Nesta terceira quinzena, voltei meu olhar, como se em algum momento me tivesse sido permitido tirar os olhos, ao projeto de pesquisa. Pensei na meta, nas questões, na metodologia de análise, e acabei sentindo a necessidade de, antes de mais nada, entender de onde vieram as minhas inquietações.
Parei no meio da aula de metodologia da pesquisa e voltei ao passado. Percorri os labirintos de minha memória e me deparei como bolsista do projeto Escola- Comunidade - Universidade (ESCUNA), no ano de 2006 na Escola Municipal Viriato Corrêa e nos anos de 2007/2008 na Escola Municipal São João Batista.
Relembrei as atividades realizadas no Laboratório de Informática e as inquietações e resistências dos professores que não conseguiam se desprender de suas concepções, o que lhes impedia de realizar um trabalho com os alunos, utilizando as tecnologias digitais.
Diante de tantas lembranças me deparei com o meu tema de pesquisa: a inserção das tecnologias digitais na prática docente. Parei e dando um passo para trás, estranhei a situação, mas sem pensar em desistir, decidi enfrentá-la de forma que agora não sou mais a mesma Maria de Fatima, mas outra.
A viagem continua. Chegamos a Ilha de Samotrácia e somente vivendo esta experiência saberemos o que irá acontecer. Eu, sigo em busca daquilo que não tenho.
domingo, 10 de abril de 2011
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